sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O perigo do ácido acetil salicílico antes das cirurgias

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Medicamento popular pode interromper o processo de coagulação. Médico precisa ser alertado para que não haja maiores problemas.
O ácido acetil salicílico – o AAS, princípio ativo da Aspirina – é um dos medicamentos mais populares em todo o mundo. Receitado para dores, como a cefaléia, e usado regularmente por pessoas com alguns tipos de problemas cardíacos, o fármaco tem uma grave contraindicação: ele interrompe os processos de coagulação do sangue e pode levar a hemorragias e dificuldades no quadro pós-operatório que se segue a uma cirurgia.
“A cicatrização é um processo onde há a agregação plaquetária na área onde houve cortes. Esse agregação normalmente se solidifica após um tempo – a exemplo das ‘cascas’ de ferida na pele –, mas pessoas que se medicaram com o AAS ou remédios com o princípio ativo na composição veem esse processo ser interrompido. Em cirurgias, mesmo as menos invasivas, há cortes externos e internos no corpo. E a ingestão do AAS pode levar a um pós-operatório mais traumático”, diz o cirurgião plástico Alderson Luiz Pacheco.
Para o especialista é preciso tomar cuidado para que o uso desse medicamento seja interrompido pelo menos uma semana antes da cirurgia. “Uma cicatrização comprometida pode levar à anemia. Em casos mais graves – como aqueles em cirurgias mais complexas – a perda de sangue causada pela cicatrização ruim pode levar à necessidade de transfusões de sangue”, diz.
Situações extremas também ocorrer. Pacheco lembra que certos tipos de cirurgias podem necessitar de um tipo específico de anestesia chamada peridural, injetada diretamente na coluna cervical. “Caso se forme um hematoma por causa da falta de cicatrização isso pode comprometer a medula de alguma forma. Esse tipo de caso extremo pode levar à paralisia das pernas, por exemplo”, alerta.
Fitoterápicos também precisam de atenção
Os problemas de cicatrização causados pelo AAS também são observados em um fitoterápico popular: a tintura de arnica, usada como tratamento alternativo. “A tintura de arnica – normalmente ingerida por via oral – também diminui a capacidade do organismo de completar o processo de cicatrização. Então deve-se evitar tomar esse fitoterápico nas semanas anteriores à cirurgia e no período pós-operatório”, afirma Pacheco.
O cirurgião lembra também que todo e qualquer remédio ou substâncias fitoterápicas usadas regularmente pelo indivíduo que vai se submeter a uma cirurgia devem ser avaliadas pelo médico ou cirurgião que acompanha o paciente.
“A cirurgia é uma operação que acontece em um ambiente controlado. E, caso o médico não tenha uma determinada informação para avaliar seu impacto no processo, isso pode levar a problemas durante ou após a cirurgia”, finaliza Pacheco, que enfatiza a necessidade dessa conversa entre os pacientes e os profissinais de saúde que o acompanham.

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